Retro Análise: Venom Spider-Man Separation Anxiety (Mega Drive / SNES)


Separation Anxiety é um beat'em up side-scroller ao estilo Streets of Rage que foi lançado tanto na Mega Drive como na Super Nintendo. Apresenta-se como a sequela do popular Maximum Carnage, também lançado para as duas plataformas.

O jogo é considerado parcialmente raro na consola Mega Drive, atingindo no mercado internacional preços um pouco desconfortáveis. Em Portugal, ainda existe em relativa quantidade, o que faz com que no nosso mercado o jogo não atinja tais valores. A versão original saiu em Portugal mas, para além dessa, existe também uma versão adulterada pela Ecofilmes que surgiu já em época tardia, com uma capa idêntica à original (mas impressa pela Ecofilmes, com o autocolante de garantia Sega impresso na capa) e com o cartucho e manual correspondentes à versão Genesis, e a um preço mais acessível.

As versões Mega Drive e Super Nintendo são praticamente idênticas. As limitações de som na Mega Drive privilegiam a versão da Super Nintendo nesse campo, mas ao nível da jogabilidade a versão Mega Drive parece ser mais fluída e, consequentemente, superior.

A história segue aproximadamente uma série da BD, mas no entanto o título do jogo é enganador. Apesar de existir, de facto, uma série em BD chamada Venom: Separation Anxiety, a história do jogo aproxima-se significativamente mais a outra série também em BD chamada Venom: Lethal Protector, que se foca  essencialmente nas simbioses de Venom, que irão surgindo ao longo do jogo na forma de bosses dos níveis.

Logo de início, poderemos escolher entre Spider Man ou Venom ou utilizar os dois personagens em simultâneo no modo para dois jogadores, tornando o jogo mais divertido mas também bastante mais fácil. Infelizmente, estes dois personagens partilham praticamente os mesmos movimentos, variando apenas as animações dos golpes e um ou outro movimento mais específico. O leque de movimentos no jogo é bastante alargado. Para além dos habituais movimentos de combate (combos e saltos), temos a oportunidade de trepar aos cenários de fundo, andar pendurados numa teia, agarrar/projectar os adversários, alguns  ataques especiais capazes de derrotar os inimigos de imediato e até mesmo invocar vários heróis de BD para nos ajudar nos momentos mais difíceis. 


Ao nível da história, o jogo é bem elaborado, apresentando-nos, entre cada nível, uma explicação dos eventos que se estão a passar. Não se limita a fazer-nos passar de nível para nível sem qualquer justificação.

Numa primeira impressão, a  jogabilidade é bastante boa, os comandos são acessíveis e respondem de forma fluída, o que por si torna o jogo bastante divertido. Mas depressa nos apercebemos de alguns dos defeitos da sua mecânica. Os inimigos actuam quase sempre em grupos de três e têm a preocupação de nos tentar contornar para atacar de ambos os lados, sendo um ataque pelas costas suficiente para nos derrubar em muitas das situações. O jogo não oferece grande interacção com os ambientes dos níveis e com  objectos ou itens adicionais a utilizar em combate, como acontece na maioria destes jogos.  O agarrar dos inimigos torna-se praticamente inútil quando estamos rodeados por vários, sobretudo no modo de 1 jogador, já que ficamos vulneráveis aos restantes, que continuam a atacar com naturalidade. É quase inútil tentar projectar o inimigo contra os restantes como método de defesa porque escassas são as situações em que tal acção se revela eficaz. Estas situações, no início, revelam-se incomodativas porque quebram um pouco a jogabilidade e até acentuam, sem necessidade, a dificuldade do jogo até aprendermos alguns hábitos de jogar. Por esse motivo, os primeiros níveis parecem bastante mais difíceis do que o jogo depois, na prática, se revela. 


Os inimigos no primeiro nível são humanos, mas a partir do segundo e daí para a frente serão (quase) sempre os mesmos, com ligeiras variações de cor e com a mesma tendência para, de vez em quando, atirarem as granadas/explosivos mais manhosos que já vi num videojogo, ou disparar uns tiros à distância, derrubando o nosso personagem. 80% dos níveis do jogo passam-se a derrotar sempre os mesmos inimigos, situação que poderia ter sido muito facilmente evitada. A monotonia excessiva dos combates ao longo de todos os níveis é apenas quebrada pelos confrontos com os bosses finais, que nos obrigam a optar por estratégias diferentes  após percebermos as suas rotinas de ataque (coisa que não demora muito tempo). E mesmo os bosses acabam por se repetir várias vezes ao longo do jogo, tornando-o mais cansativo do que deveria ser. 


A longevidade do jogo é, por isso, condicionada pela repetitividade. O jogo diverte nos momentos iniciais, até se começar a tornar um pouco difícil, obrigando-nos a adoptar uma estratégia mais eficiente nos combates. E quando finalmente lhe apanhamos o jeito, ele começa-se a tornar repetitivo. O jogo oferece cenários diversificados que passam pelas ruas da cidade, uma ponte, a floresta, os esgotos e laboratórios, onde por vezes podemos escolher os caminhos a seguir, e ainda é relativamente longo para a época em que foi lançado, demorando algum tempo a concluir. O sistema de passwords poupa-nos o tempo de refazer os níveis anteriores sem necessidade e facilitam o progresso no jogo. 

Em suma, é um jogo que vale a pena ter para colecção devido à sua jogabilidade divertida e história elaborada, sobretudo apelativa para os fãns das bandas desenhadas. O modo para 2 jogadores é uma excelente adição e torna-o ainda mais interessante. No entanto, não deixa de ter algumas importantes falhas de jogabilidade e de se tornar exscessivamente repetitivo, ficando, por isso, atrás de outros jogos semelhante do seu género.

Pedro Dias

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Author: Pedro Dias
Coleccionador 'hardcore' e aficcionado por videojogos :)

1 comment :

  1. Por acaso tenho este jogo á venda por 75 euros, o jogo é bom,mas de facto com o tempo torna-se repetitivo.

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